"E aí, tudo resolve virar sol. Virar água, virar pó e virar lembranças"

V.R

Morri

Vontade de apertar o lado "off" do botão. De desligar, sumir. Fingir não estar viva. Sair correndo para qualquer lugar. Me enfiar em uma gaveta, sótão, onde ninguem me ache.

De todos os medos que já tive, o pior tem sido eu. Estou com medo de mim, medo do que penso, do que tenho feito e do que venho sentindo. Tenho mudado muito. Tenho me transformado muito. Confesso, não sei se gosto, se desgosto. Não sei, não sei e não sei!

Tem gente que acredita morrer uma vez só. Eu, no caso, já consegui várias. Ontem foi mais um dia desses. Aquela Vanessa que você tinha conhecido, morreu, se foi para sempre. Agora eu estou assim; em forma de (re)construção. Mudando gestos, ações, opiniões. Mudando princípios, pensamentos e reflexões.

A verdade é que vivo e isso, inconstância nenhuma consegue reverter, mas, quem sou...isso, meu caro, eu já não faço a menor ideia.

V.R

Cansei - coração - some!

“Agora ando mais calmo. Não muito, verdade. Mas desde que ganhei meu PhD em desilusão amorosa, tenho me divertido como nunca”

(Caio Fernando Abreu)

As voltas que a vida dá

Não é só o mundo que gira, meu bem. Acredito que nessa vida - por (in)felicidade ou talvez felicidade mesmo-, nada seja estático; muito menos os sentimentos. Esses são do tipo que gostam de movimentação, ainda mais quando tudo esta quieto, sem vida e sem cor demais.

O mundo gira e bendita seja a gravidade que fazem as coisas cair...pois, quando tudo esta acima dos nossos olhos, por vezes, não conseguimos nos preocupar com aquilo que cutuca nossos pés.

(V.R)

“Ás vezes é preciso dormir, dormir muito. Não pra fugir, mas pra descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente. Inteira.”

(Marla de Queiroz)

Aquela casa

Senti um cheiro estranho no ar. Irreconhecível. O piso me parecia diferente. As flores; umas com mais vida e outras a beira da morte. A fechadura se mostrou nova; foi preciso trocar para que coisas antigas não entrassem...Eu entrei.

Entrei e pude ver o quanto tudo estava diferente, tímido e me afastava cada vez que detalhadamente, olhava para os detalhes. Não quis mais fazer isso. Deixei estar e ser como deveria - ou pelo menos parecia - ser. Por quê? Tudo era vago naquela casa. Não tinha nenhuma lembrança, e nenhum dos cômodos se lembravam de mim. Percorri cada canto como quem tenta encontrar vestígios, até mesmo pedaços picados de saudades. Nada. Nulo, branco e vazio.

Me senti como se nada tivesse sido algum dia meu. Nada me pertencesse ou sequer tivesse sido parte de mim. Por que é que eu vim parar aqui? Não sei. Só sei que a casa me atraiu.

V.R

Páginas

Hoje eu olhei pro meu passado. Ele esta lá. Caido, jogado ao chão. Pensei como é que tanta coisa poderia ter ficado assim, guardada em páginas e principalmente na lembrança. As vezes, a memória fica de lado, como quando esquecemos alguma coisa dentro do nosso quarto.

Dei aquela olhadela de canto, como quem sabe de tudo mas não quer nada de volta. Ficou tudo compactado. Trezentos e sessenta e cinco dias em apenas um lugar que não ocupava mais do que quinze centímetro quadrados e algumas folhas coloridas. Tem dia verde, dia de alegria. De surpresas, felicidades, decepções...tem dias para todos os gostos e cores. Todos os momentos e 'desabores'. Quem disse que tudo é doce e que a vida é sempre cor de rosa?

Achei interessante o fato de ter "agendas". Elas me encaixam no espaço do tempo e eu posso recorrer sempre à ela quando preciso constatar algum fato, algo que me acometeu...
Olhei novamente para lembrar de algumas coisas. Consegui. Saí do quarto como quem ainda tem coisas e pendências a resolver. Mas, uma coisa me era certa; eu nunca me senti tão feliz por carregar tantas coisas dentro delas.

V.R

Despertar

De súbito eu levanto da cama. Acendo a luz e sento no chão. Algo muito forte me faz parar e eu me perco dentro de mim e dos meus pensamentos. Agora eu tenho certeza do que quero, tenho certeza pelo quê pretendo e vou lutar. Eu abro a janela para ver o sol. Ele esta lá. Lindo e radiante como em todas as manhãs que eu mais preciso. Sorrio.

Sonhei com aquilo que eu desejava. Pensei em todas as possibilidades e probabilidades. Tudo estava ao meu favor e dessa vez, eu sabia que iria ganhar. Me enchi de gás e estava toda toda para os próximos acontecimentos. Fui até o banheiro, peguei minhas maquiagens e comecei a me pintar para uma ocasião especial. Afinal, a pessoa com quem eu iria me encontrar, merecia me ver linda como nunca. Brilho. Não pude contar quantos pontos de luz haviam em meus olhos. Pisquei como quem sabe das coisas boas da vida. Pra finalizar, aquele batom que combina comigo e com a minha personalidade: meigo e discreto. Embora eu quisesse chamar a atenção, aprendi que o 'de menos', é que é 'demais'.

Me arrumei toda. Coloquei um lindo vestido e passei aquele meu perfume de flores - aquele tão doce que dá até vontade de comer! Saí de casa. Sorri mais algumas vezes. Eu sabia de tudo aquilo que me esperava a seguir (preciso tomar fôlego!)

Foi assim que eu virei para a minha direita, estendi meu braço e ví - em meu relógio - que ainda eram 4 horas da manhã. Estou com sono e não vou sair da minha cama para ver a chuva cair...

V.R

“… Daí ela se lembrou de como é ser forte. Ela enxugou suas lágrimas e sorriu. Sim, sorriu, porque ela sabe que algo melhor está por vir”

(Tati Bernardi)